terça-feira, 3 de agosto de 2010

São Paulo X Internacional: final antecipada?

Hoje na hora do almoço ouvi pela milionésima vez um jornalista esportivo se referindo ao confronto entre saopaulinos e colorados como a final antecipada da Libertadores. E tento, sem sucesso, encontrar razões para tamanho senso de superioridade. Afinal, já se vão longos onze anos sem que um clube brasileiro consiga conquistar o maior torneio interclubes do continente contra um clube estrangeiro. De lá para cá foram 10 edições, nas quais nossos clubes venceram duas contra rivais domésticos (2005 e 2006), outras duas sem brasileiros na decisão (2001 e 2003) e outras seis com derrotas brasileiras na decisão.
Em 2000 o então campeão Palmeiras parecia fadado ao bi-campeonato após conseguir um ótimo 2 a 2 com o Boca Juniors na Bombonera. Os argentinos tinham um ótimo time, mas os brasileiros não os conheciam bem, e como o clube só tinha até então duas conquistas na Libertadores (1977/1978) não pareciam um rival temível. Mas num Morumbi lotado os xeneizes arrancaram um 0 a 0, venceram nos penaltis por 4 a 2 e levaram a taça.
Em 2002 um ascendente São Caetano parecia talhado para vencer os paraguaios do Olímpia, em especial após vencerem a partida de ida por 1 a 0 em pleno Defensores del Chaco. Mas comandados pelo uruguaio Orteman venceram a segunda partida no Pacaembu de virada por 2 a 1, levando o caneco nos penaltis, por 4 a 2.
Em 2003 e 2007 a soberba não apareceu, já que na final os clubes brasileiros enfrentavam um agora respeitadíssimo Boca Juniors, que triturou Santos e Grêmio com duas vitórias inquestionáveis em cada ano. Mas em 2008 as coisas pareceram mudar quando o Fluminense conseguiu finalmente passar pelos xeneizes. A decisão era contra um time sem tradição de um país que nunca havia vencido a Libertadores. Mas com um baile de Guerrón e Bolaños, a LDU sapecou um 4 a 2 no jogo de ida. O Flu conseguiu igualar tudo no jogo de volta com um 3 a 1, mas perdeu nos penaltis. A maldição continuava.
Em 2009 a desinformada mídia brasileira martelou do início ao fim a idéia de que como os clubes argentinos mais tradicionais estavam em má fase, o torneio seria resolvido nos confrontos entre brasileiros. Nesses confrontos o Cruzeiro foi melhor, chegando à final contra o Estudiantes. O bom time de La Plata tinha três distantes títulos de Libertadores no fim dos anos 1960, e parecia o adversário ideal. O 0 a 0 em La Plata parecia fazer do jogo no Mineirão uma formalidade. Nos dias anteriores ao jogo final o Cruzeiro era descrito como grande favorito, e os pinchas surgiam como uma equipe menor, sem tradição, comandada por um ex-jogador em atividade. O gol do Cruzeiro foi a senha para a certeza definitiva do título. Mas comandados por Verón (aquele ex-jogador em atividade) os pinchas viraram o jogo com autoridade fora de casa e levaram a taça.
Com isso tudo, não consigo ver no confronto entre São Paulo e Internacional uma final antecipada do torneio. Acho que essa impressão se deve mais à soberba e desinformação do que aos fatos e à tradição recente. O Chivas tem um futebol muito agressivo em casa, e eliminou o bom time do Velez Sarsfield. Os chilenos de La U a meu ver mostraram até agora o melhor futebol da Libertadores. Quem passar será adversário duro. O brasileiro que chegar à final terá boas chances. Mas o título é longe de ser fácil ou garantido para esse clube.

Um comentário:

Leonardo Steno disse...

La U 0x2 Chivas. A Universidad contou com o apoio entusiasmante de sua torcida, que cantou o tempo todo, mas não conseguiu apresentar bom futebol.
Sobretudo no 2º tempo, os mexicanos foram pra cima e, ao contrário do SPFC, não tiveram medo do adversário.
A vitória foi justa, e qualquer um que passar entre os brasileiros enfrentará um adversário forte em qualquer cancha.

Related Posts with Thumbnails