quarta-feira, 8 de setembro de 2010

a armadilha tática do futebol moderno

Os adoradores de futebol que acompanham com interesse as evoluções do esporte, já perceberam que o dialeto tático que adorna as discussões futebolísticas vem sofrendo transformações. Esquemas que Mourinhos, Guardiolas e Manos da vida implementam em suas esquadras, despertam a curiosidade dos que pretendem entender melhor o que acontece dentro das quatro linhas – ainda que a análise técnica seja inafastável.
Após o esquema “duas linhas de 4” ter complicado severamente a vida de todo técnico brasileiro em competições internacionais, o moderno 4-2-3-1 vem se transformando num HIT, estando presente em quase todos os jogos que envolvem equipes de ponta. Neste planejamento, o setor mais importante da equipe é a linha de 3 jogadores, que se posiciona à frente da dupla de volantes e imediatamente atrás do atacante.

Para pertencer a este trio, o jogador precisa reunir características diversas, onde a sabedoria do bom posicionamento na metade ofensiva do campo se mostra fundamental. Para que o esquema seja bem sucedido, os mais indicados para preencher as vagas são aqueles que sabem se movimentar, com bom controle de bola e bom passe, desde que nõa inventem muito com a bola nos pés. Os treinadores têm escolhido atacantes que dentro da área NÃO SEJAM matadores, ou volantes com técnica mais apurada que a média para executar seu 4-2-3-1 de forma a defender e atacar sempre com grande número de jogadores. A principal característica do esquema é o controle do meio de campo, fundamentado na posse de bola. O maior pecado é criar menos chances de gol, afinal, há apenas um avante para atormentar a defesa adversária – o ímpeto ofensivo sofre significativa redução. Os camisas 10 tradicionais perdem espaço num cenário onde a verticalização cede lugar ao jogo lateralizado.

É simples entender o tipo de jogador que melhor se enquadra nas exigências do 4-2-3-1. Messi é o exemplo de atacante que recuou para cumprir funções médias, não menos importantes que a de um clássico avante de movimentação, porém, num espaço menos frontal. Robinho segue esta trilha. Na seleção de Mano Menezes, bem como no Santos de Dorival, seu posicionamento é mais recuado, aproximando-se do ataque, com obrigações de armação; sua movimentação passa a ser bem mais recuada que nos primórdios, quando suas pedaladas ainda furavam bloqueios. Xavi, do Barça e da seleção espanhola, exemplo de jogador moderno, tem característica de ora servir a funções defensivas, ora como armador, com seu passe preciso e movimentação constante. 

Breve, um esquema tático ainda mais eficiente surgirá, ou as velhas premissas talvez retornem às mesas redondas e às pranchetas digitais dos técnicos. Fiquemos atentos. Antes disso, porém, alguém precisa anular a eficiência do 4-2-3-1 e esse domínio territorial sufocante que vem empilhando títulos pelo globo.

foto: www.insidemnsoccer.com

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