quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A catástrofe colorada

Eu sei que é dificil não pensar na derrota do Inter para o Mazembe em termos de vexame. Impossível não pensar que isso trará repercussões muito negativas para o clube. Concordo também que o Internacional tinha a obrigação de vencer a equipe congolesa. Mas isso posto, há algumas coisas a serem ponderadas.
A primeira, é que inevitavelmente ia chegar o dia em que um clube europeu ou sul-americano iria ser eliminado por algum de outro continente. Não é nada incomum que times sul-americanos vençam europeus repletos de jogadores de seleção. É só um jogo. A mesma regra acabaria valendo para clubes de outros continentes. Confesso que imaginava que isso aconteceria com algum clube mexicano, mas a África tampouco é de todo surpreendente.
O paralelo também serve para uma segunda ponderação. Quando um sul-americano se aproveita da oportunidade e vence algum europeu cheio de craques, sempre dizemos "tá vendo, os caras não são isso tudo". Bem, utilizando o mesmo raciocínio, teríamos de dizer que o Internacional talvez seja menos do que muitos pensaram.
Convenhamos: fora do Rio Grande do Sul ninguém vê o Internacional jogar mais de cinco vezes por ano. E uma mistura de desinformação com vontade de parecer justo com os clubes de fora do Rio e São Paulo faz com que uma parte muito grande da mídia veja no colorado um elenco magnífico que ele nunca foi.
Do time que entrou em campo hoje, por exemplo, o setor defensivo não encanta ninguém. Fora Kléber, que ainda consegue ter alguns bons momentos, não há quem possa se entusiasmar muito com Bolívar ou Nei. Renan falhou muitas vezes desde que chegou ao Beira-Rio. Wilson Matias ainda não se mostrou à altura da confiança depositada.
Guiñazu é um dos jogadores mais supervalorizados do Brasil. Forte, raçudo e pegador, tem dificuldade com a bola nos pés e frequentemente chega atrasado na marcação, tendo de fazer faltas. Nenhum argentino o quer em seu time. Tinga e Rafael Sobis estão claramente abaixo do nível que já ostentaram no próprio Internacional.
Alecsandro nunca foi mais que um bom atacante, sem nada de excepcional. D'Alessandro tem mostrado aos brasileiros porque nunca conseguiu se firmar na Argentina, até sequer conseguir emprego nos clubes de lá. Altamente talentoso, capaz de momentos e partidas brilhantes, é muito irregular e não é um jogador que tenha um emocional sólido.
Com isso tudo o Internacional era melhor que o Mazembe, e deveria vencer. Roth escalou mal e mexeu pessimamente. Mas não é o único culpado. O time africano não é tão ruim assim, e em um jogo a possibilidade de surpresa é bem maior. E vale a pena para os colorados reavaliarem a real qualidade de seu elenco, para evitar futuras surpresas.

Um comentário:

Leonardo Steno disse...

assino embaixo.
O time do Inter é fruto de muito marketing calcado em conquistas obtidas em níveis baixos de dificuldade.
O grande mérito é preservar uma base, ano após ano, o que confere ao time o entrosamento que é pouco comum no futebol brasileiro, onde se desmontam equipes quase semestralmente.

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