Tenho visto que a importância dos jogadores argentinos no campeonato brasileiro é um tema muito discutido por aí. Como escrevo em um site sobre futebol argentino (o nome do site é Futebol Portenho) e acompanho de perto tudo o que se passa por lá, muitos me perguntam sobre isso. À minha volta, vejo a mídia e os torcedores pedindo que esse ou aquele jogador seja convocado para a seleção de seu país. Já ouvi até gente dizendo que esses jogadores só não são convocados por despeito, pois os argentinos não querem dar valor aos times brasileiros.
Pra começar vou fazer uma perguntinha muito simples: será que quem fala essas coisas sabe quais são os concorrentes desses jogadores na luta por uma vaga na albiceleste? Sim, pois para um jogador ser convocado para qualquer seleção não basta ele ser bom. Tem de estar entre os melhores de sua posição em seu país. Há vários jogadores de qualidade inquestionável que nenhum de nós sonha em pedir em nossa seleção. Reconhecemos que são bons, mas sabemos que há outros melhores.
Montillo, Conca e D'Alessandro jogam em uma posição que é exatamente aquela em que os argentinos estão mais bem servidos. Na verdade estão excepcionalmente bem servidos. Só para se ter uma idéia, no último jogo da albiceleste quem jogou nessa posição foram simplesmente Messi e Tevez. Na mesma posição há jogadores como Pastore, que faz uma temporada excepcional pelo Palermo, e é um dos destaques do campeonato italiano até agora.
A questão é que o Brasil simplesmente desistiu de produzir esses jogadores que armam o meio de campo. Nos últimos tempos demos prioridade a jogadores altos, de preferencia defensores e atacantes. Os meias de criação sumiram, substituídos por meias-atacantes, que pegam a bola e correm com ela em direção ao gol (kaká, por exemplo). Meias de criação não temos mais (Ganso é a grande exceção)
Nosso país cansou de fabricar armadores muito melhores do que Conca, D'Alessandro e Montillo. Só que nos acostumamos tanto nos últimos tempos a não termos mais esse tipo de jogador que esses argentinos nos parecem coisa de outro planeta. Então supervalorizamos esses jogadores, que não tem espaço nem em seu próprio país de origem. Aliás, só estão no Brasil por isso.
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