quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Por uma América menos vermelha – breve desabafo de um gremista.

Gostaria de poder desmerecer o título do meu rival. Em 2006 eu até tentei fazer isso, meio em vão, lógico. Mas a verdade é que, desta vez, o mérito é incontestável. Houve qualidade técnica, plantel, mão do treinador, planejamento... todos esses elementos que, fatalmente, se transformam em título, numa fotossíntese triunfal, invejável.

Se o Colorado está no topo, isto significa que o meu Tricolor mergulhou em direção ao fundo do poço. Porque essa maldita gangorra é inevitável. É, acima de tudo, cruel.

Então, ontem, após assistir pela televisão aquela entrega de medalhas melancólica, eu troquei de canal, na tentativa de me colocar à margem dos acontecimentos. Traído pelo hábito, fui para os canais de esporte, pois na hora de zapear, minha mão direita funciona no piloto automático; primeiro procura os Isportevês e Iessipiênes, depois explora o resto. Mais festa vermelha: comentaristas exaltando a conquista num tiroteio de elogios insuportável. Os gols sendo reprisados – aquele do Sóbis marcou o final do jogo para mim...

À uma hora da madruga, as buzinas eram cada vez mais nítidas. Moro próximo a um Hospital Militar, onde existe um canhão de guerra. Pois bem. A cada título do Inter, o tal canhão entra em ação - os milicos devem ser colorados -, e o barulho que produz é monstruoso. Inviabiliza qualquer sono. Somado às buzinas e aos fogos de artifício, o barulho dos tiros do canhão transforma a noite num recital depressivo e inexpugnável.

Zapeio para o programa do David Letermann e penso: se esse filho da puta falar de Libertadores, cancelo agora mesmo minha tevê a cabo! Há momentos em que a lucidez se retira e vai tomar um Lexotan. Não a culpo.

A noite ainda teria um epílogo. Madrugada em horário bem avançado, um vizinho do prédio ao lado chega em casa, certamente entorpecido pela emoção, pelo álcool e quaisquer outras substâncias que possa ter ingerido, e assopra uma vuvuzela. Uma vuvuzela! Acordei com o barulho e, por instantes, quase achei que tudo não passava de um sonho (ou pesadelo...), mas logo retornei à dura e áspera realidade: Inter Bicampeão da América.

Um comentário:

★☆ J. J. ©Øß ☆★ disse...

Diverti-me à beça!
Ao menos tens bom humor, o que certamente te salvará a vida!
Lembre-se que durante duas décadas os colorados amargaram e como épocas de vacas magras!
É a inevitável gangorra!

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