sexta-feira, 30 de julho de 2010

Uma Decisão Para Espantar o Saudosismo

Amanhã, sábado, se completam 25 anos daquela que deve ter sido a final mais desinteressante da história dos campeonatos brasileiros. Naquela noite de quarta-feira o Coritiba empatou com o Bangu por 1 a 1, no Maracanã, venceu nos penaltis, e conquistou o título brasileiro de 1985. O Coxa entrou em campo com Rafael, André, Gomes, Eraldo e Dida; Almir (Vavá), Marildo (Marco Aurélio) e Tobi; Lela, Índio e Édson. Técnico: Ênio Andrade. Pelo Bangu jogaram: Gilmar, Marcio, Jair, Oliveira e Baby; Israel, Lulinha (Gilson Gênio) e Mário; Marinho, João Cláudio (Pingo) e Ado. Técnico: Móises.
Eram dois times razoáveis, mas totalmente comuns. Nenhum dos dois possuía um único jogador daqueles que a gente se lembra muitos anos depois. No entanto isso não nos deve levar a cometer injustiças. Os dois times chegaram à final por vencerem seus adversários dentro do campo. O Bangu se classificou para as semifinais ao bater o Internacional em pleno Beira-Rio, enquanto o Coxa segurou o Atlético-MG em um Mineirão lotado para chegar àquela finalíssima. Eles mereceram estar lá.
E isso aconteceu por duas razões. Em primeiro lugar, os campeonatos brasileiros da época eram absurdamente bagunçados. O número de clubes era alto demais (nos anos 70 havia sido maior, chegando a beirar as 100 equipes), havia inúmeras fases, com grupos grandes, pequenos, fases de mata-mata. Dificilmente um campeonato assim apuraria a melhor equipe. Um time poderia ser o melhor do campeonato mas perder um jogo e ser eliminado.
Mas havia outra causa. A grande geração de 1982 havia entrado em declínio, e seus melhores nomes não estavam mais no país (Zico, Sócrates, Falcão, Cerezo, Júnior, Edinho, estavam todos na Itália). A geração das copas de 1990 e 1994 ainda começava a despontar no horizonte. Naquele meio da década de 1980, vivíamos uma entressafra em que só tínhamos um único grande jogador no auge da sua forma: Careca. A prova é que na copa de 1986 nossa seleção foi uma mescla de jogadores declinantes da geração de 82 com outros ainda muito jovens e outros não tão brilhantes.
Assim, naquela noite de meio de semana acontecia a decisão de um campeonato que não tinha times tão brilhantes assim. Tampouco era bem organizado. Assim, aquela final fria não foi um acidente, na verdade representando muito bem o que havia sido o futebol brasileiro em 1985. O jogo em si esteve à altura do que se via nos campos aquele tempo. No primeiro tempo dois gols: Índio, de falta, para o Coxa aos 25 e Lulinha, num chute desviado de fora da área, aos 35 para o Bangu. Depois disso pouco aconteceu. Nos penaltis, ninguem errou nas primeiras 5 cobranças para cada lado. No primeiro desempate Ado deslocou Rafael, mas a bola saiu. E Gomes correu para marcar o gol do titulo na cobrança seguinte.
Se houve um momento em que o futebol brasileiro foi maravilhoso e cheio de grandes craques que disputavam campeonatos de altíssimo nível, isso não aconteceu em 1985, com toda a certeza.

Um comentário:

Leonardo Steno disse...

nunca esquecendo que o Coritiba contava com Ênio Andrade, um técnico bem à frente de seu tempo.

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