Dias atrás presenciamos uma cena inédita no nosso futebol. Um treinador deixando de assumir a seleção brasileira por não ter sido liberado por seu clube, algo que, salvo engano, jamais havia acontecido em nosso país. Muito se falou sobre isso, mas há um outro lado que não deve ser deixado de lado.
A seleção brasileira é o conjunto futebolístico mais importante do país, e talvez até do mundo. Ser seu treinador é algo que traz muita responsabilidade, e suas decisões serão discutidas apaixonadamente por todo o nosso país. O ocupante do cargo deve ser escolhido com todo o cuidado, portanto. E sobre quem cai essa imensa responsabilidade? Uma única pessoa: o presidente da CBF. Que há 21 anos é a mesmíssima pessoa. Alguém que tem tamanho poder, não o divide com ninguém, e sequer tem qualquer interesse por futebol.
Como escolhe então? Conversa com outros cartolas (eventualmente tão ignorantes de futebol como ele), um ou outro jornalista amigo (geralmente da Globo), e escolhe alguém que pareça satisfazer a opinião pública, para que possa seguir em paz com seus negócios.
Por mais absurdo que pareça, é assim que é. Dunga lhe foi soprado em uma mesa de jantar com pessoas ligadas à Globo e sacramentado por Emílio Perrondi, presidente da federação gaúcha de futebol e padrinho de Dunga. Foi escolhido porque a população estava convencida de que havia faltado disciplina e seriedade em 2006. Dunga encarna essas qualidades. Simples assim. Qualidade não teve nenhuma relevância.
Agora o processo de escolha foi o mesmo. Teixeira se convenceu de que o público não queria mais saber de invenções e queria um treinador experiente. Sondou Felipão, que disse não. Convidou Muricy que não foi liberado. Trouxe Mano. Desta vez as escolhas foram corretas, afinal, independente de sua opinião sobre esses treinadores, são vitoriosos.
Mas e na próxima vez? Se os ventos das ruas indicarem outra loucura, lá vamos nós nela. Pois capacidade técnica é o que menos importa para decidir quem comandará a nossa seleção.
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