quinta-feira, 10 de junho de 2010

Como as coisas mudam


Faz mais de três anos que li o Anjo Pornográfico (biografia de Nelson Rodrigues), mas me lembro muito bem da parte em que Ruy Castro falava sobre a falta de profissionalização que envolvia o futebol jogado no Rio de Janeiro, na primeira metade do século 20. Os jogadores, na época, não tinham salário. Quando havia uma partida (um Fla Flu, por exemplo), o jogador recebia apenas um “troco” que era bem mais do que o dinheiro do ônibus até o campo de futebol, mas bem menos do que ele precisava para suas necessidades e nada que pudesse ser chamado de salário. O futebol era um esporte precário, pouco desenvolvido como uma alternativa sustentável de emprego no Brasil, apesar de sua popularidade.
Passado quase um século, você abre uma página de jornal na internet e vê notícias como: “Palmeiras terá de pagar em torno de R$ 2,5 milhões a Muricy por quebra de contrato”, “Inter acena com proposta de R$ 720 mil/mês para Felipão” (saiu hoje isso), “Salário de Ronaldo poderá ficar entre R$ 1,5 e R$ 1,8 milhão por conta do novo acordo publicitário”. As coisas mudaram? Na verdade, não muito. Isso é apenas uma mostra da concentração de renda no país que atinge inclusive o esporte. O futebol continua um esporte precário e pouco desenvolvido como uma alternativa sustentável de emprego no Brasil, apesar de sua popularidade.

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