manual do juiz copeiro

 contemporizar: uma arte

Quem tem por hábito acompanhar a qualquer jogo de Libertadores e Sulamericana, já deve ter percebido características que aproximam os árbitros argentinos e paraguaios, considerados os melhores do continente. São eles que assopram (ou não) o apito na maior parte dos jogos e parecem seguir um livro paralelo de regras, ou um manual do juiz copeiro, que deixa uma sensação de “já vi esse jogo antes” no espectador. É, praticamente, um padrão que visa a zelar pela emoção desmedida nesses jogos de Copas, preservando o interesse do torcedor e servindo de mote para mesas redondas espalhadas pelo continente.

O Manual do Juiz Copeiro deve ser algo muito parecido com o segue:

Art. 1º O juiz deverá apresentar um cartão amarelo antes de dez minutos de jogo, com o intuito de tomar as rédeas do cavalo xucro e mostrar quem manda.

Parágrafo único. Aconteça o que for, o juiz não poderá mostrar outro amarelo na 1ª etapa. Na segunda metade do jogo, entretanto, poderá aplicar cartões a seu bel-prazer, sem o risco de ter que expulsar jogadores pendurados, o que é sempre um problema.

Art. 2º O juiz deve ter em mente que o goleiro da equipe visitante fará cera. Cabe ao árbitro ignorar tal comportamento, não punir nem advertir o futebolista em questão.

§ 1º Aos 30 min. do segundo tempo, o goleiro poderá ser advertido verbalmente.

§ 2º A partir dos 35 min. do segundo tempo, o árbitro estará autorizado a punir o goleiro com o cartão amarelo, em casos de insistência na cera.

Art. 3º Ao término do 1º tempo, o juiz está orientado a conceder 1 minuto de acréscimo, mesmo que os 45 minutos iniciais sejam repletos de cera técnica, lesões graves, brigas ou tentativas de homicídio.

Art. 4º Ao aproximar-se do nonagésimo minuto da peleia, o árbitro determinará 4 minutos de acréscimo. Nem mais, nem menos.

Art. 5º Recomenda-se fortemente o favorecimento ao time da casa sempre que necessário, salvo nos casos em que o juiz não tenha apreço pela própria saúde.