quinta-feira, 18 de novembro de 2010

argentina 1x0 brasil: o que tirar de um amistoso

Uma derrota em amistoso, quando bem digerida, deve trazer resultados positivos a longo prazo. Mas, ninguém gosta de sair derrotado em clássicos, e Brasil x Argentina é um dos maiores jogos que o futebol mundial oferece, tanto pela rivalidade entre as duas seleções, quanto pela qualidade de seus jogadores. Assim, as queixas que vêm sendo emitidas são quase justificáveis. Digo quase, porque não podemos perder de vista certos aspectos que permearam o triunfo argentino sobre a seleção de Mano por 1 a 0, no amistoso de Abu Dhabi.

Ok, queremos ganhar todas e se tivermos que perder um jogo, que não seja para a Argentina. Esta é a mentalidade predominante. Cumpre, entretanto, observar que o trabalho de Mano Menezes é insipiente. Ainda estamos na fase de observações, testes, experiências. O jogo de ontem foi importante para que o técnico brasileiro observasse uma formação tática diferente da que ele vinha experimentado. Motivado pela ausência de Alexandre Pato, a equipe foi a campo sem o homem de área. O placar final é secundário, o mais prático é poder afirmar que, tendo em Robinho o avante mais adiantado, a seleção perde em poder de infiltração. Foram raras as conclusões do interior da área.

As outras apostas ofensivas eram Neymar e Ronaldinho Gaúcho. O menino da Vila não teve a atuação esperada, mas levava perigo quando partia para cima dos marcadores. O problema era que não havia a referência dentro da área, e as iniciativas de Neymar acabavam invariavelmente controladas pela defesa ou em tentativas suas de cavar falta.
cortesia: Estadao.com.br
Já Ronaldinho, sobre quem pairavam as maiores expectativas, mostrou bom futebol, em que pese a improbabilidade de voltar a ser o mesmo que já reinou soberano anos atrás, com a camisa do Barcelona. Mas ele pode ser útil a Mano na longa estrada que há pela frente. Não esperemos dele arrancadas e dribles desconcertantes. Hoje, ele pode oferecer sua visão de jogo e passes precisos, sem brilhantismo, na função onde, hoje, Ganso é o melhor.

O amistoso também serviu para mostrar que Lucas é o dono da função que durante muitos invernos pertenceu a Gilberto Silva. O volante do Liverpool tem um desarme perfeito, limpo, além do bom passe que arredonda a saída de jogo. Na lateral direita, Maicon parece ter bailado. Daniel Alves assumiu a titularidade, além de contar com uma arma poderosa: suas cobranças de falta. No jogo de ontem, Ronaldinho assumiu esta responsabilidade, mas isto deveria competir ao lateral, bem mais preparado e perigoso. Na esquerda, Mano deveria buscar uma alternativa ao bom André Santos. Marcelo, do Real, poderia ser o nome certo.

cortesia: ole.com.ar
A Argentina, que também está em fase de renovação, apesar de não conseguir substituir Zanneti e Heinze, tem em Messi um diferencial, e quando ele domina a bola partindo pra cima de uma zaga, temos a impressão de que não há força natural capaz de pará-lo. Aos 46' do segundo-tempo, ele foi o responsável por mais uma obra de alto valor artístico, com grande dose de objetividade e compromisso com o bom futebol.

No âmbito geral, as duas seleções mostraram bom futebol. O trabalho de Mano continua merecedor de uma boa nota, mas é fundamental abrir os olhos com Robinho e parar de confiar cegamente em seu futebol. Vê-lo com a camisa 9 e ainda com a braçadeira de capitão, não é o ideal para quem busca renovação atrelada a competitividade.

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